A Palavra e o Sentido

Há certas circunstâncias da vida, adoecimento, envelhecimento, portar uma síndrome, em que as palavras são reduzidas ao seu aspecto instrumental: “já tomou o seu remédio?”; “é hora do seu banho”; “você comeu?”. Para aquela pessoa que experimentou o uso da palavra em seu aspecto pleno (o que equivale a ter tido interlocutores, que por sua vez implica a crença na potencialidade dos falantes), a redução da palavra ao seu aspecto instrumental é experimentada como perda de lugar e, consequentemente, perda de sentido. Embotamento, melancolia e agressividade costumam acompanhar esse processo. Para aquelas pessoas que, em razão de uma determinada condição de nascimento, nunca puderam constituir com o outro um lugar de experimentação da palavra enquanto campo de sentido, imagine que o tipo de existência “fora do mundo” não precisa ser creditada exclusivamente à sua condição sindrômica. É preciso encontrar formas de retomar ou de dar início às ofertas de espaço em que a palavra possa ser experimentada em sua plenitude.

Ricardo Rodolfo Rezende Prado

Ricardo Rodolfo Rezende Prado

Psicanalista e Filósofo

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